Onde quer que for sempre se lembre de que você nunca esta sozinho.
Nascemos pro melhor e nunca vamos mudar não importa o tempo.
(Oath - Cher Lloyd ft. Becky G)
Cody Simpson P.O.V
27 de dezembro de 2001. Los Angeles, CA.
O telefone tocava repetidamente e ecoava por aquele pequeno apartamento no centro de uma das melhores cidades do Estados Unidos, Los Angeles. No momento eu estava jogado em uma poltrona velha, com um violão na mão e tentando encontrar coragem para levantar e ir atender. Meu estado era desprezível, porém, aceitável.
Coloquei o violão de lado e fui preguiçosamente atender o telefone na qual já estava me deixando irritado.
- Alô? - perguntei à pessoa do outro lado da linha. Era Alli, minha irmã mais nova.
[...]
- Tá, só vinte minutos - disse enquanto ajeitava a bagunça que estava no apartamento
[...]
- Tchau - despedi-me dela e finalmente coloquei o pote de ketchup, que estava em cima da bancada da cozinha, na geladeira.
Rapidamente procurei uma roupa social, já que era um compromisso sério. Coloquei uma roupa mais puxada para o azul e peguei as chaves do meu C4 Pallas, presente dado pelo meu pai.
Sai do apartamento, na qual ao passar pela porta percebi que a fechadura estava quebrada, e desci as escadas daquele prédio. Entrei em meu carro que estava estacionado na calçada do outro lado da rua e dei partida, rumo ao cemitério.
Hoje completaria 6 anos da morte de meu irmão mais novo, Tom Bradley Simpson, ou Tom, como todos o chamava. Ele morreu no dia do aniversário de 22 anos. Motivo? A vida.
E quando eu digo vida estou me referindo a família.
Ele não aguentou a pressão de meu pai, para que ele entrasse para a empresa, e simplesmente se matou. Acabou me deixando sozinho para aturar aquele cara que só pensa em duas coisas: trabalho e a si mesmo. Irônica a vida, não?
No caminho até o cemitério encarei um caderninho, na verdade um diário.
Aquilo era a minha vida, completamente. Ali eu escrevia tudo, sem nenhuma exceção, sobre os meus sentimentos.
Pra que?
Talvez porque eu achasse que aquele era o único modo de eu me comunicar com meu irmão. A minha alma estava misturada com a dele ali.
Logo cheguei ao cemitério e estacionei meu carro em frente ao mesmo. Desci do carro e fui caminhando apressadamente até a cova de meu irmão, onde Brad, Alli e minha mãe me esperavam.
- Oi, mãe - cumprimentei minha mãe ao chegar perto deles.
- Você está lindo - ela disse e logo acariciou meu rosto. Sorri. Logo ela me puxou para um abraço e eu a abracei forte. Passei por ela e fiquei de frente para minha irmã, Alli.
- Valeu por me ligar. Você me salvou - agradeci em um sussurro inclinado na frente dela. Beijei sua cabeça e ela me olhou apreensiva.
- Você está cheirando a maresia - informou e eu me ergui para a minha posição normal enquanto dava um suspiro longo e pesado. De fato eles já sabem que está manhã eu fui surfar.
Me posicionei em frente ao meu pai, que me olhava sério. Em nenhum momento, naqueles poucos segundos, que para mim eram milênios, ele tirou seu olhar de mim.
- Não dava para colocar uma gravata? - perguntou com aquela cara séria, e que me dava enjoos, de sempre.
Permaneci alguns segundos calado, tentando não matar ele ali mesmo.
Dei um longo suspiro, porém fraco.
- Até dava - respondi ríspido e impacientemente.
Ele? Apenas ficou me observando, como sempre.
Cruzei os braços e aguardei Alli colocar uns enfeites que ela mesmo fez no túmulo de Tom. Logo, foi a vez da minha mãe, que colocou algumas flores amarelas, umas das cores favoritas do meu irmão. Saímos daquele lugar que me dava arrepios toda vez que respirava e fomos em direção ao nossos devidos carros. Alli e minha mãe foram no carro de meu pai, já eu fui no meu, sozinho.
Decidimos parar em uma lanchonete, e assim fizemos.
Sentamos em uma mesa não muito grande. De um lado eu e Alli, e do outro minha mãe. Na ponta da mesa estava meu pai, como sempre se achando o chefe.
Permanecemos calados por um bom tempo.
- Foi bom, Tom gostaria de ver a família reunida - minha mãe disse e pudê perceber Alli sorrindo. Olhei para Brad, e ele apenas deu um sorriso fraco, sem amostrar um único dente.
- Contou para o Cody sobre o que a sua professora de artes falou sobre o seu desenho? - minhã mãe perguntou enquanto gesticulava com as mãos.
- Mããããe - Alli reclamou, porém com um sorriso no rosto.
- Conte para ele - ela pediu, logo deu uma risada gostosa. Eu amava aquela risada vinda de minha mãe.
Brad fitou a mesa e logo direcionou seu olhar para Alli, que se preparava para falar.
- A professora disse que eu consegui capturar algumas formas dos vestidos de Christian Dior - ela disse com um sorriso no rosto e pudê perceber que ela estava desenhando outro vestido, como sempre.
- Bom, pelo menos foi o Christian Dior, porque... nossa, se fosse a Gabrielle Chanel eu não ia gostar muito. Ela com aqueles enfeites chamativos no vestido - comentei um pouco sobre moda com a minha irmã e ela abriu um sorriso imenso.
Acompanhei com meu olhar Brad pegando a xícara com café e tomando a mesma, sem o mínimo interesse no assunto. Claro estávamos falando sobre a filha dele, não sobre ele.
- A professora sugeriu ela se inscrever no curso de moda de Los Angeles - Angie disse e Alli fez uma carinha tímida - seria um prestígio estar lá - minha mãe sorriu orgulhosa, fazendo Alli também sorrir junto.
- Vou fazer um vestido chamando: meu irmão e sua prancha favorita - ela disse fofamente enquanto juntava as mãos em cima da mesa. Sorri instantaneamente - e já que eu vou ser praticamente a pessoa mais jovem a estudar lá, e... - Alli foi interrompida por Brad chamando meu nome.
- Cody - olhei-o incrédulo por tal ação feita por ele - me passa o açúcar por favor? - ele pediu olhando diretamente pra mim e eu fiquei sem ação. Filho da puta.
Minha mãe em um movimento rápido pegou o açúcar que estava na minha frente e entregou para meu pai.
-Pai... Ela ainda não tinha terminado de falar - defendi Alli que estava com uma cara triste por tal rompimento e peguei o pote de vidro com açúcar antes que ele fizesse uso do mesmo - só mais alguns segundos... Escute-a por só mais alguns segundos - pronunciei enquanto colocava o pote de açúcar atrás de um porta-guardanapo de metal - eu acho que não custa nada - falei ainda incrédulo e ele ficou me olhando sério.
- A Alli é capaz o suficiente por falar por si mesma sem se sentir ofendida - Brad falou e eu olhei para algum lugar sem ser nele. Era capaz de eu espancar ele ali no meio daquela cafeteria - eu desrespeitei você, Alli? - ele perguntou e Alli apenas negou com a cabeça. Além de idiota é manipulador.
- Não, tudo bem - Alli disse cabisbaixa. Eu apenas olhava aquela cena, com nojo.
Ele abriu os braços em uma expressão de "eu não disse?" e logo voltou a sua posição normal. Pegou uma colher, e balançou as pernas impacientemente.
- Eu não pretendia mudar de assunto - falou se fazendo de vítima.
- E qual era o assunto mesmo? - perguntei sem fitá-lo. A raiva já estava tomando meu corpo.
- O que? - ele perguntou desentendido e eu fitei-o. Mas mantive a calma.
- O assunto na nossa conversa, qual era? - perguntei em um tom de voz alto. Ele apenas levantou a colher como se fosse dizer algo, mas logo abaixou a mesma.
- Acho que não é hora de bancar o herói, Cody - ele disse indiferente. Já posso matar ele?
- Na verdade é a hora perfeita - falei rindo ironicamente.
Minha mãe tentou dizer algo, mas nenhum som saiu de sua boca. Bati na mesa, fazendo o copo com água na minha frente deslizar, derramando algumas gotas em cima da mesa.
- Tá bom - bufei ainda ironicamente e me levantei - eu tenho que ir - despedi-me, e minha mãe tentou me puxar de volta ao pronunciar um "Cody". Ignorei-a e me posicionei ao lado de Alli - você quer que eu te leve a algum lugar? - perguntei e ela negou com a cabeça.
- Eu vou ficar com a mamãe - ela disse em tom de voz triste.
- Tá bom, a gente se vê - falei e dei as costas a mesa onde antes eu estava sentado e Brad levantava de sua respetiva cadeira e se inclinava pra pegar a merda de açúcar.
Sai daquela lanchonete antes que acontecesse um homicídio e fui para o meu carro. No caminho decidi ir a uma lanchonete onde eu e Tom costumávamos a ir.
Assim que cheguei, estacionei meu carro em frente a lanchonete e sai, carregando o diário que sempre levava comigo, para onde eu fosse.
Sentei em umas das mesas e abri o caderno, começando a rabiscar o mesmo. Meus pensamentos logo foram interrompidos.
- Come alguma coisa - disse a garçonete, já acostumada com a minha presença naquela lanchonete, ao colocar um prato com um salgado em cima da mesa. Apenas assenti com um sorriso e ela saiu.
Firmei a caneta em minhas mãos, e comecei a escrever naquela folha, que me encarava.
"Gandhi dizia que tudo o que você fizer na vida vai ser insignificante, mas que é muito importante fazer. Eu até concordo com a primeira parte. Tom, você sabe pelo o que eu estou passando. Aos 22, Gandhi tinha 3 filhos, Mozart tinha feito 30 sinfonias e Buddy Holly já tava morto. Uma vez você me disse que as nossas digitais não se apagam das vidas das pessoas que nós tocamos... Isso vale pra todo mundo ou é só bobagem poética?"
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Enfim tá aí outro capítulo.
Lembrando que o Imagine só se move com o número de comentários :)