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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Memories - Capítulo 1


Ouvi que a vida é superestimada
Mas espero que isso melhore com o passar do tempo.
(Here Without You - 3 Doors Down)

 25 de março de 1991. Los Angeles, CA.   

[coloque a música "Here Without You" no Music Player para tocar e boa leitura]


Estávamos saindo da loja de conveniências que tinha no posto. Apenas eu e minha mãe. Era cerca de 00:30 e o posto de gasolina estava deserto, com apenas alguns funcionários dentro da loja. Nosso carro estava estacionado ao lado de fora, na porta. Quando saímos vimos os mesmos caras que estavam rondando o posto quando entramos na loja, a cerca de 5 minutos, se aproximarem mais e mais de nós. Para uma criança de 10 anos, aquilo era normal. Senti minha mãe me puxar, colocando-me colado em seu corpo. Ela começou a andar mais rápido em direção ao carro, e os caras, acompanharam os passos na mesma velocidade. Minha mãe procurava algo, rapidamente, dentro da bolsa. Ela tirou de lá as chaves do carro e começou a tentar colocar a chave na fechadura da porta do carro enquanto olhava os homens, ambos de tocas pretas, se aproximar cada vez mais. Em uma ação rápida, um dos homens puxou meu braço, fazendo-me cair no chão. Eu ouvia gritos da minha mãe, e implorações de que eles fizessem qualquer coisa, menos me machucar.  Um dos homens mandou ela dar a chave do carro e ela fez o que foi pedido. Lágrimas saim de seus olhos. Aquela era uma das poucas vezes que eu via minha mãe chorar. Os homens após roubarem as nossas coisas, entraram no carro. Enquanto um deles colocava a chave na inguinação, o outro nos olhava, principalmente para minha mãe. O som do motor foi ouvido e logo o carro começou a andar. O homem que dirigia pisou no acelerador e antes que eles fossem embora apenas com alguns objetos e dinheiro, eles levaram junto a vida dela. Eu gritei alto, muito alto, ao ver minha mãe caindo no chão após ter levado um tiro de um dos assaltantes. Em desespero, coloquei sua cabeça em meu colo.
- Mãe, fala comigo, por favor - eu suplicava enquanto lágrimas saiam uma atrás da outra. Eu sabia, mas eu não queria aceitar o fato de que ela estava morta.

[...]

A polícia já havia sido informada por um funcionário da loja de conveniência e claro, meu pai viria junto. Já que ele é o chefe da polícia. Eu estava assutada e traumatizada. A imagem de minha mãe morrendo se passava pela minha cabeça a cada segundo. Uma outra funcionária da lojinha estava ao meu lado, me abraçando e repetindo a mesma frase "tudo vai ficar bem". Mas eu não estava prestando atenção nela. O barulho da sirene do carro da polícia começou a ser ouvido e meus pensamentos foram interrompidos. Meu pai saiu de um dos carros e veio correndo até mim. A única ação que ele fez foi: me abraçar. Depois de um longo abraço eu fitei seu rosto. Estava claro em sua face que ele queria chorar, mas estava se segurando para não me preocupar mais ainda. 
- Vai ficar tudo bem, eu prometo - essas eram as palavras na qual Tyler, meu pai, repetiu cerca de 3 vezes. Eu não sabia se ele estava dizendo isso para mim ou para si mesmo.
Levantei o rosto, assim, conseguindo ver ele. Seus olhos estavam marejados, e logo uma lágrima caiu, mas logo ele limpou-a.
- Eu quero minha mãe - supliquei em um sussurro enquanto lágrimas saiam disparadamente.
A única ação que ele fez foi olhar pro céu. As lágrimas de tanto teimarem, saíram, deixando o rosto dele vermelho.
Aquele era de fato o pior momento de minha vida.
A ambulância chegou e de lá saíram vários enfermeiros. A maioria deles recolhiam o corpo de minha mãe enquanto outros, cerca de 2, vieram até a mim perguntar se eu tinha algum arranhão ou hematoma.
Mas eu estava bem, por fora.
Apesar de eu ser uma criança, aquilo me quebrou em pedaços por dentro.
Eu não sabia o que era pior: a minha mãe ter morrido ou eu ter visto a cena.
Trauma, isso com certeza irá me perseguir para o resto de minha vida.
- Você viu o rosto dos bandidos? - um dos policias, amigo de meu pai, perguntou-me. Minha única reação foi balançar a cabeça negativamente.
- Você sabe identificar a altura? - ele fez outra pergunta. Neguei novamente e ele suspirou. Se fosse outra pessoa e outro caso, meu pai que teria que fazer essas perguntas, já que é o chefe da polícia. Mas o estado emocional dele era parecido com o meu. Talvez, pior.
- Olha, se você lembrar de algo, é só dizer, tá? - o mesmo policial avisou enquanto passava as mãos em meus cabelos. Assenti e ele saiu andando em direção ao meu pai, que no momento estava encostado no capô do carro da polícia, com a cabeça abaixada e a mão na testa, impossibilitando de ver seu rosto, provavelmente vermelho de tanto chorar.
Ele foi até o local onde antes estava o corpo da minha mãe e se abaixou. Logo se levantou com uma aliança na mão. Identifiquei que era de minha mãe. Ele me olhou como se tentasse me passar uma mensagem e eu retribui o olhar com os olhos marejados.
Minha madrugada foi assim, barulhos de sirenes, perguntas na qual eu não sabia responder, lágrimas, sofrimento e lembranças na qual eu nunca iria esquecer.

[...]

- ... Amém - o padre terminou a reza e logo todos ao meu redor começaram a fitar o caxão.
Estávamos no enterro de minha mãe.
Praticamente a família toda e amigos, tanto dela e do meu pai, estavam lá.
Era difícil saber quem chorava mais... Minha vó, meu avô, ou até mesmo meu pai.
Já eu, não chorava.
O impacto de uma criança presenciar a morte da mãe deixa as lágrimas inúteis. Como se não fosse adiantar de nada.
Um vazio tomava conta do meu interior.
Avistei meu pai vindo na minha direção e logo me abraçando.
Suas lágrimas molharam um pouco meu vestido preto de renda.
Logo as pessoas ali presentes começaram a se movimentar, e logo pudê perceber que os coveiros começaram a enterrar o caxão dentro da cova.
Um coro de vozes pôde ser ouvido ao cantarem uma música de Igreja.
Todos fitavam o caxão sendo enterrado, e os mesmos estavam sem expressão alguma.
 - Minha querida, eu sinto muito - dizia uma mulher enquanto vinha até mim com os braços abertos. Apenas sorri e deixei aquele mulher, que eu distinguia ser minha tia, me abraçar.
O sino da Igreja ao lado do cemitério soou, marcando que eram exatamente meio dia.
- Vamos, querida - meu pai disse assim que a cova foi totalmente fechada e enfeitada com algumas flores dadas por parentes. Assenti e segurei a mão dele, que me guiou para fora daquele lugar.
O caminho de volta para casa foi silencioso, algo normal, já que eu sempre fui tímida e na maior parte do tempo estava calada. Então, isso já era normal para meu pai.
O carro parou em frente a minha casa e antes que eu pudesse conter, uma lágrima desceu. Meu pai, que já tinha saído do banco do motorista e dado a volta no carro, abriu a porta de trás para eu sair. Olhei-o com um vazio nos olhos e ele se aproximou, abraçando-me.
- Vem, vai ficar tudo bem - ele sussurrou em meu ouvido e logo me pegou no colo, passando minhas pernas ao seu redor, e apoiando minha cabeça em seu ombro.
Assim que entramos na casa um vazio e um silêncio perturbador podia ser sentido.
Tyler logo me colocou no chão e se ajoelhou em minha frente.
- Ei princesa - ele disse e logo acariciou minhas bochechas - daqui pra frente vai ser só você e eu - ele sorriu de lado, meio que um sorriso sem ânimo - mas lembre-se: eu te amo mais que tudo.


Continua....

Pessoal, tô de volta  :)
Bom, enfim, algumas pediram a continuação de Peace and Love, mas as ideias para esse Imagine foi por água a baixo  :/
Tá aí.
Espero que chorem, se animem, sorriem e aproveitem bastante o novo Imagine.